Anderson Barbosa Do G1 RN
Foi por causa de um carregador de celular que o apenado Alexandro Teodósio da Silva Pessoa, de 30 anos, mais conhecido como ‘Pelelê’, brigou, foi esfaqueado e morto na manhã da quarta-feira durante o banho de sol no Presídio Rogério Coutinho Madruga, na Grande Natal. Pelo menos é esta a versão oficial para o crime, que tem o detento José Rodrigues dos Santos como assassino confesso.
Alexandro Teodósio da Silva Pessoa respondia pelos crimes de homicídio, tráfico de drogas e assalto. De acordo com o delegado Vicente Gomes, que investiga o assassinato, Pelelê era apontado como membro de uma facção criminosa que atua dentro dos presídios do estado e também considerado um dos líderes das rebeliões que ocorreram no sistema prisional em março deste ano.
Já o asassino confesso, que também tem 30 anos, é caicoense e cumpre pena por homicídio e tráfico de drogas. José Rodrigues dos Santos prestou depoimento à polícia nesta quinta-feira (11). O G1 teve acesso exclusivo ao documento. Nele, o detento diz ter matado Pelelê em legítima defesa, “pois seria um ou o outro”. José Rodrigues contou que a rixa entre eles começou há cerca de 8 dias em razão de Pelelê o estar ameaçando por meio de ‘catataus’, que significa bilhetes escritos na gíria dos apenados, “dizendo que se não aparecesse o carregador, era para pagar R$ 500”.
Quanto à briga, José Rodrigues disse que foi agredido fisicamente por Pelelê logo após a realização de um culto evangélico na quadra da Ala B da unidade. Ele relatou que estava sentado sobre um balde, cortando o cabelo, quando o rival se aproximou para furá-lo com uma faca artesanal. O preso acrescenta que chegou a ser ferido no dedo, mas que conseguiu tomar a arma dele, revidando o ataque. Ainda segundo José Rodrigues, além de esfaquear Pelelê, ele também usou um estilete que ele mesmo fabricou para furá-lo. Disse que se armou porque já previa que Pelelê atentaria contra sua vida.
Por fim, José Rodrigues alegou que agiu sozinho - “apesar de outros presos estarem chegando e não tentarem separar os dois, pois muitos deles também tinham rixa com Pelelê, e que não sabe dizer se os outros detentos furaram Pelelê”.
Além dos relatos do preso, policias civis da Delegacia de Nísia Floresta também colheram o depoimento de dois agentes penitenciários, que foram ouvidos como testemunhas no caso. Ambos relataram que quando chegaram ao presídio o crime já havia acontecido. Os dois também disseram que depois que o autor do assassinato foi identificado, passaram a procurar pela arma usada na morte de Pelelê, e que foram encontradas “nas paredes e na rede de esgoto” várias facas de fabricação artesanal.
O Rogério Coutinho Madruga fica em Nísia Floresta, anexo à Penitenciária Estadual de Alcaçuz, maior unidade prisional do Rio Grande do Norte. O presídio foi uma das 14 unidades prisionais afetadas pela onda de rebeliões que aconteceu em março no sistema penitenciário potiguar. Depois disso, em 26 de maio, o presídio foi parcialmente interditado e permanece impedido de receber novos presos.