Depois de um longo período entre São Paulo e Natal, as gêmeas siamesas Ana Clara e Anne Vitória de 8 meses foram recebidas com festa na noite de ontem em Alto do Rodrigues. Amigos e familiares prepararam cartazes e foram ao encontro das meninas que passaram por cirurgia delicada, de separação, mas que por milagre divino tiveram sucesso.
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Durante a recepcção o pastor Carlos Moura da Igreja Batista, trouxe uma mensagem de fé e esperança, e em seguida reuniu toda família em oração de agradecimento pelo milágre divino. |
Kátia Cunha da Costa precisou de toda a valentia da mulher sertaneja para enfrentar o que viria pela frente em sua segunda gravidez.“Quando estava grávida o médico falou que era gestação gemelar e que elas eram grudadas. Eu fiquei assustada”, lembra a mãe das meninas.
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Berg, o pai das crianças. |
No dia do parto outro susto: a maternidade onde ela fez o pré-natal foi interditada por causa de uma bactéria. Um médico desconhecido fez o parto, “Ele ficou aperreado porque era uma gravidez de risco. Porque eram gêmeas e eram coladas. Ele não estava me acompanhando e, assim, foi às pressas”, conta.
e sobreviveram ao parto, escaparam da estatística de mais de 80% de mortalidade entre gêmeas que nascem coladas. Kátia precisou de ajuda.
“Tudo era difícil. Para dar banho, porque uma estava dormindo, a outra estava acordada. Era difícil”, diz Maria da Cunha, tia das gêmeas.
Em 20 anos de cirurgia para separação o médico não tinha visto nada igual.
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Familiares e amigos fizeram fila pra tirar fotos com as meninas. |
“Foi o primeiro que foram crianças que são unidas pela parte posterior, que tem o nome de pigopadas. Estava unida toda a parte da coluna sacral e também alguns órgãos pélvicos”, explica Uenis Tannuri, médico do Instituto do Coração do HC-SP.
O exame mostra que além do sistema reprodutivo, dos órgãos genitais, o final da coluna e da medula estava unido também. Essa seria a parte mais delicada da cirurgia que trouxe as irmãs do Rio Grande Norte para São Paulo aos 7 meses de vida.
Os momentos mais difíceis dessa longa espera aconteceram no centro cirúrgico do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo. Uma equipe de vários profissionais, 15 médicos de especialidades diferentes se uniu para separar as irmãs. A cirurgia demorou 10 horas. Começou em uma sala apenas e terminou em duas.
“Eu fiquei muito emocionada. O coração foi a mil”, comemora a mãe.
E hoje o momento tão esperado, hora de curtir verdadeiramente em dobro pequenos detalhes, como vestir uma calcinha de rendinha em cada uma. Fazer as malas e ganhar o que Kátia mais queria para cada uma de suas filhas.
“Uma sensação de estar livre”, diz a mãe.
Informações do Blog Luciano Seixas